‘No Brasil também existe CSI’, afirma policial científica que comanda a série Perícia Lab

ADRIELLY SOUZA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Quando um assassinato acontece, a imprensa conta a história, a polícia investiga o caso, o juiz dá a sentença. Mas ninguém explica como funciona o fator que une todos eles: a perícia.” É assim que Telma Rocha, fotógrafa técnico-pericial, define Perícia Lab, produção brasileira que conquistou os fãs de “true crime” ao mostrar um lado desconhecido das investigações criminais.

 

Lançada em 2022 e com previsão de estrear sua terceira temporada no segundo semestre de 2025, a série é uma coprodução da AXN, Sony Pictures e Mood Hunter. A Folha de S.Paulo acompanhou um dia de gravações e conversou com os peritos que lideram a produção.

Os novos episódios, prometem aprofundar ainda mais a rotina dos profissionais que trabalham com a ciência forense no Brasil, em uma linguagem acessível e a partir de experimentos práticos.

“Nos filmes de Hollywood, o resultado de um caso aparece em 30 segundos. Na realidade, demora meses”, explica o perito criminal Berito Salada. “Vamos expor como é a vivência verdadeira da ciência criminal. Para quem gosta do assunto, é uma forma de entender com exemplos práticos.”

Salada divide a apresentação da série com Telma Rocha. Na vida real, eles já atuaram em casos emblemáticos, como os de Elize Matsunaga e Suzane von Richthofen -aos quais, aliás, voltam nesta temporada. A dupla participa não só das análises, mas também das encenações que ajudam o público a entender os processos da perícia -sempre com base na realidade.

Entre os experimentos da nova temporada, estão simulações com gel balístico para mostrar os efeitos de disparos de diferentes calibres, testes com polígrafo para detectar mentiras, demonstrações sobre grampos telefônicos antigos e o rastreamento de dinheiro vivo usando tinta invisível.

Outro teste curioso explora como marcas de pneu deixadas por motos em superfícies distintas podem ajudar a reconstituir uma cena de crime.
“Quem assiste consegue perceber que temos uma perícia de qualidade, tanto quanto os Estados Unidos. No Brasil também existe CSI”, diz Telma, ao comentar a comparação frequente que o público faz com os programas investigativos americanos.

Crimes de grande repercussão no Brasil e no mundo vão ser abordados. O caso Richthofen será usado para explicar como se identifica a manipulação de uma cena de crime ou uma simulação de arrombamento. Já episódios como o do Bebê de Lindbergh, o dos Canibais de Garanhuns e o do Estripador de Yorkshire entram na pauta para discutir técnicas forenses aplicadas em investigações complexas.

Para os peritos, a série é uma forma de desmistificar a profissão. “As pessoas confundem perícia com pastelaria. A gente trabalha com laboratório, com alta demanda, e isso precisa ser mostrado. Não é simples, uma amostra leva tempo para ser examinada”, reforça Telma.

CRIME E FOLIA
Fora das câmeras, os peritos também carregam histórias marcantes. Recentemente, a fotógrafa técnico-pericial viralizou com vídeos durante o Carnaval de 2025, em que atuou disfarçada para combater furtos de celular. “Foi uma ação da Delegacia Geral para se infiltrar no meio dos foliões. Em outros anos, já tínhamos tentado nos misturar com óculos e flores no cabelo, mas um colega foi vestido de Chapolin Colorado e viralizou. A ideia pegou”, conta.

Na ocasião, ela se vestiu de Power Ranger preto e relata que a estratégia era simples: “A gente queria estragar a festa dos ladrões, porque eles já estavam acabando com a diversão das pessoas”. A fotografa relata que a presença dos policiais fantasiados recebeu apoio. “As pessoas vibravam quando a gente tirava alguém do bloco. Foi uma forma tranquila de fazer algo sério.”

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